A NOVA GUERRA FRIA ACONTECE NO TEADRO DAS REDES SOCIAIS DA INTERNET
By José Berlange Andrade
Assim como
Hitler manipulou o senso comum – para construir a onda de ódio que
demonizou judeus e comunistas e fortaleceu o sentimento de superioridade
racial que produziu o maior massacre genocida da história – assim,
também, está ativo hoje o movimento nazifascista que atua nas redes
sociais para demonizar lideranças democratas com objetivo de derrubar governos
progressistas ou desenvolvimentistas. Pretendem, com essa manipulação, construir
uma governança reacionária, anticientífica e sustentada pela violência do uso
da força.
A amplitude
do acesso à internet, por todas as camadas sociais, facilita o uso das fakes News (mentiras sobre fatos) e das falácias (raciocínio errado com aparência de
verdadeiro) como instrumento eficaz de manipulação. Resultado dessa prática,
formou-se na pós-modernidade uma nova polarização político-cultural que
superou a velha dialética da luta de classes: na esfera de influência do
Ocidente coletivo as pessoas estão agrupadas em dois polos cognitivos,
os despertos versus os não-despertos.
Teorizando
sobre esse fenômeno comportamental desta era informacional, o filósofo
tradicionalista Alexandre Dugin, constrói os conceitos assim:
“É hora de despertar para a
geopolítica e ver os contornos globais do confronto ideológico. A população mundial está
dividida em duas categorias: os despertos e os não-despertos, os
que compreendem o que está acontecendo e os que não
compreendem ou compreendem só parcial ou incorretamente”.
O acerto desta visão de mundo pode ser comprovado na
observação dos fatos: o volume de lixo que trafega na Internet a serviço da
desinformação, principalmente em blogs e nos vídeos do Youtube e de outras
plataformas de mídia. Tanta oferta de absurdos e de falsidades reflete,
na outra ponta do consumo, o gigantismo da bolha na qual são
mantidas as pessoas em sua minoridade intelectual (incapacidade de conhecer
a realidade e de fazer escolhas pelo próprio entendimento, sem a tutela de
outra pessoa que considera seja ‘iluminada’- aqui, usando categorias kantianas
in ‘O que é o Esclarecimento?’).
Pela manipulação, essa minoridade é impedida de despertar. Toda manipulação é uma técnica de exploração da ignorância, do medo ou da miséria humana. Quando se quer alcançar os agrupamentos medianamente escolarizados, escala-se uma coleção de tecnólogos para pousar de sábia nas telinhas dos celulares. Como é para alcançar pessoas que pensam que sabem, o influencer reduz a dimensão dos fatos filtrados pelo noticiário de jornais e TVs e, visando à tutela do não-desperto, usa de uma retórica mascarada de análise que na verdade não passa de falácia.
E tome vídeos, charges, memes e frases que são disparados, sutil ou exageradamente, no alvo onde explodem as paixões violentas: as emoções e os afetos, o amor e o ódio. É assim que a manipulação alcança eficácia na mente do destinatário desatento.
Os que percebem a fragilidade e a perversidade dessa prática de empoderamento não podem calar na inércia. A mentira dever ser combatida e desmascarada até ser enterrada à margem da história, sob pena de sucumbirmos, todos, à tragédia produzida pela ignorância de uns, somada ao ódio de todos os fascistas: agem impulsionados pela ânsia e pelo medo aos inimigos que criam numa subjetividade enfraquecida pela distorção cognitiva.
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