As reformas do trabalhismo e o golpe militar contra o pretexto comunista






Há 55 anos aconteceu no Rio de Janeiro um episódio que elevou a tensão e atemorizou a elite conservadora brasileira, desencadeando o golpe militar de 1º de abril de 1964.

No dia 13 de março de 1964, o presidente João Goulart realizou comício na Central do Brasil para lançar o programa de Reforma Agrária e defender as reformas de base propostas por ocasião da campanha eleitoral.
Cerca de 200 mil pessoas compareceram ao ato e manifestaram apoio ao discurso de Jango que foi encerrado com as seguintes palavras
 "Não apenas pela reforma agrária, mas
- pela reforma tributária,
- pela reforma eleitoral ampla,
- pelo voto do analfabeto,
- pela elegibilidade de todos os brasileiros,
- pela pureza da vida democrática,
- pela emancipação,
- pela justiça social e
         - pelo progresso do Brasil".

Contra a pretensão do governo de promover essas mudanças é que a grande imprensa – liderada pelo jornal O Globo com adesão de toda mídia de São Paulo, Minas Gerais e de outras regiões do País – demonizou o Governo de Jango e mobilizou a classe média urbana para impedir a governabilidade.

Depois que Getúlio Vargas criou Petrobras, a Companhia Siderúrgica Nacional, a Fábrica Nacional de Motores - FNM e instituiu a Carteira de Trabalho e o Salário Mínimo, veio o fazendeiro João Goulart querendo implementar um programa de reformas identificado como 'medidas revolucionárias' que transformariam o Brasil num 'regime cubano'. Jango foi, com base nesta fantasia, rotulado de "comunista".

Aí está a origem da chamada “Ameaça Comunista” que deveria ser exterminada a qualquer preço, para o bem da família e da pátria brasileira.

Na verdade, há uma elite branca euro-descendente que se estabeleceu no Brasil, ocupou espaços nas forças armadas e na burocracia de nível superior dos serviços públicos da União e dos demais entes federativos, cujos indivíduos mantém laços de identidade e de orgulho racial com os agentes dos mercados.  Para essa gente, o Brasil é apenas um território a ser explorado em benefício das nações desenvolvidas, da Europa e dos EUA, por meio de transferência de riquezas em regime de [neo] colonização.

O que move politicamente essa gente é o mesmo tipo de impulso que estava na origem do comportamento de Maria, a louca, quando editou a lei que tornava obrigatória a manutenção do Brasil na condição subserviente de fornecedor de commodities para o consumo das cortes dos países ricos: proibiu e coagiu a instalação de moinhos e de outras plantas industriais no Brasil.

As manobras políticas de controle policial-militar têm sido recorrentes ao longo da história republicana. Toda vez que a democracia possibilita a ascensão de governos comprometidos com o desenvolvimento industrial, com a defesa da riqueza nacional, com os direitos dos trabalhadores e com a melhoria de vida do povo mais necessitado, logo é agitado o fantasma do comunismo, revelado o vício da corrupção e demonizadas as lideranças populares – que, por obra da disseminação do medo, são arrancadas da governança, presas ou expulsas do País.

Foi assim que aconteceu com Getúlio Vargas, com João Goulart, com Leonel Brizola e, agora, com Lula e Dilma.

Quando os patriotas nacionalistas e progressistas resistem ao golpe das forças conservadoras e entreguistas, a grande mídia traidora ajuda a criar as bolhas de mentiras que são usadas para manipular a ignorância e o medo do senso comum, que, ingenuamente, em tudo acredita. 

Os que fazem política em defesa dos interesses das maiorias, têm que jogar limpo, com transparência, verdade e clareza; mas, o uso abusivo da mentira os transforma em “conspiradores contra o Brasil”. Os que defendem o desenvolvimento da economia, são chamados de “corruptos”; os que protegem a riqueza e o patrimônio nacionais, “comunistas”. Aos que defendem os interesses dos trabalhadores, a mídia macula como “radicais”, “irresponsáveis”, “demagogos” ...


Mas, e a guerrilha do Araguaia?  Veio depois como resultado do escalonamento da violência,  usada como instrumento de combate ao pensamento diferenciado e à ação política de oposição e de resistência.

O escalonamento é produto contingencial de todo e qualquer regime político autoritário de perfil arrogante e intolerante. A luta contra as forças que se estruturam assim não pode ser feita com manipulação e nem com conspiração. Até porque as comunicações sociais e os canais de articulação funcionam  precariamente, sob espionagem e censura. Então, é luta a ser feita de peito aberto e dentro das regras do jogo imposto pela ditadura: é guerra, de vida ou morte.  O que não é aceitável, absolutamente, é a covardia contra seres incapazes, indefesos e inocentes!


Até hoje, a maioria de nossa gente tem sido aprisionada dentro de bolhas nas redes sociais da Internet e, ali, credulamente, reage passiva a todo tipo de fakenews que é projetado na parede da caverna.

Por aí se vê que não é à toa que o mundo está espantado com o brasileiro: parece ser o povo mais idiota do mundo!

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