Voto impresso avança transitando da 'fé no programador' ao 'conhecimento dos fatos' fundado em prova material.
Há grave desvio de foco no debate sobre a questão do voto
impresso em prejuízo do real interesse a ser protegido, central e decisivo, e
que está sendo ocultado. Porque, verdadeiramente, não existe CPU ou
código-fonte inviolável; e porque já está se consolidando a prática criminosa
de ataques aos sistemas virtuais informatizados, promovida por hackers a soldo
de potências estrangeiras interessadas em fraudar resultados eleitorais,
torna-se necessário e urgente que a soberania do sufrágio eleitoral seja
protegida, até onde se possa.
O voto impresso é, nesta fase de evolução dos sistemas
informatizados, o recurso minimamente eficaz para provar – por amostragem ou
por recontagem, mecânica ou manual – que as funções e operações de atribuição e
totalização de votos, feitas virtual (e invisivelmente), não sofreram
interferências de códigos arbitrários modificando, interna ou externamente, a
vontade do eleitor expressa nos votos virtuais.
Por tais motivos, o voto impresso interessa a todos:
partidos, candidatos, justiça eleitoral e eleitores. Pela computação de pequeno
percentual de votos impressos faz-se a auditagem – não a contagem da
totalidade dos votos – que retira dos procedimentos meramente virtuais o caráter
de não confiável. A auditagem terá o efeito
de reduzir a margem de dúvida porque, na apreciação dos
incrédulos, substitui o uso da fé (no programador, no
programa-fonte e na máquina de trato virtual) pela verossimilhança da
prova material impressa em mídia de papel, acessível à percepção e ao
manuseio do homem, em ambiente suscetível à fiscalização.
Sem prova material é impossível provar fraude no uso das
urnas eletrônicas em eleições totalmente virtualizadas.
É esta a utilidade e a necessidade do voto impresso.
Problema é que esta medida que interessa a todos, no debate desfocado de hoje,
parece que serve apenas a supostos interesses do polo de Bolsonaro, apenas
porque ele, mais uma vez, conduzindo de maneira destrambelhada a solução dos
problemas, recorre à ameaça do uso da força como técnica de se impor. Não de
liderar.
Voto impresso – embora tenha a ver com a questão da
confiabilidade no resultado da eleição - não tem nada a ver com impossibilidade
de realização da eleição de 2022. E é nisto que estamos focando,
equivocadamente, como que presos a uma situação de maniqueísmo que é muito
favorável à manipulação: previsibilidade da relação
mecânica entre ação e reação de forças opostas, esquerda aprisionada no polo reativo.
A gravidade do risco: centra-se o foco nas palavras, supondo um jogo de debates. O outro lado está anunciando claramente uma ação política de impacto internacional. Há uma base de poder real, não-desarmada, que não aceita a crença da inviolabilidade das urnas. Este é o ponto de partida para a reconstrução de um consenso para os que desejam sucessão via eleitoral. Ponto.
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