A Decisão de Trump e suas Implicações com a (in) Efetividade Jurídica

 


a balança do negociador 'trucante'


A decisão do governo Trump de impor sanções ao ministro Alexandre de Moraes do STF teve motivação político ideológica: ofensiva da Internacional nazifascista visando a submissão do Poder Judiciário e demais autoridades brasileiras que representam obstáculo à vitória da extrema-direita sobre a esquerda e seus aliados do centro democrático nas eleições de 2026. Mas, esta circunstância, que tem conexão com o julgamento de Bolsonaro, é apenas um apêndice no conjunto do cenário que empurra Trump ao radicalismo nas relações internacionais.

A tensão maior ocorre na esfera geopolítica e seu eixo passa pela China, Rússia e Irã – exatamente nessa ordem de relevância. A ameaça inicial do Tarifaço representou uma escalada sem precedentes nas tensões entre Estados Unidos e Brasil, com profundas implicações jurídicas, políticas, econômicas e repercussões para o BRICS e a soberania brasileira.

Vamos reduzir essa complexidade isolando a camada jurídica. De logo, é preciso relevar contexto e motivações para se penetrar nesta floresta tendo compreensão mais clara sobre a questão.

Na esfera político ideológica, Lula tem apontado a ignorância ou má assessoria como causa das equivocadas escolhas de Trump. Com razão. A sanção contra Alexandre de Moraes está diretamente ligada ao seu papel como relator do processo face ao réu Jair Bolsonaro, acusado de articular um golpe após sua derrota eleitoral em 2022 para Lula. Bolsonaro é aliado ideológico de Trump que lidera a extrema-direita mundial. O presidente americano repetidas vezes afirma que o processo que pode condenar Bolsonaro a até 43 anos de prisão é uma perseguição política, uma “caça às bruxas”. E, quando faz isto, compara a situação brasileira com seus próprios embates judiciais nos EUA – que não o impediu de se reeleger em 2024. Nas análises de Steve Bannon, o mesmo vai acontecer nas eleições de 2026 do Brasil, se Jair livrar-se das acusações. Central nesta camada das manobras radicais: o STF é opositor e, pois, inimigo de Trump e da extrema-direita internacional! Neste cenário, Xandão representa a personalização do mal.

Juridicamente inadequada para ser aplicada ao comportamento profissional dos ministros do STF, a aplicação da Lei Magnitsky nada mais revela senão um pretexto para encobrir o uso da violência política pela mais alta autoridade dos EUA contra um juiz da Suprema Corte Brasileira. Portanto, em foco, mais um caso de desprezível covardia!

O pretexto está claro:  o Departamento do Tesouro americano aplicou a Lei alegando que Moraes cometeu “abusos graves de direitos humanos”, incluindo censura, detenções arbitrárias e perseguição política. O comunicado oficial acusa o ministro de: ¹ordenar a prisão preventiva de críticos sem acusação formal; ²exigir que plataformas de mídia social americanas censurem conteúdo protegido pela Primeira Emenda nos EUA; e ³congelar bens e revogar passaportes de opositores.

Mais uma vez, a motivação é de interesse pessoal do presidente Trump e seus amigos. Aponta para uma  conexão com as empresas de Trump e Musk. Então, nada com o interesse do povo norte-americano. É demanda comercial e financeira privada que parece influenciar a decisão desastrosa.

A Trump Media processou Moraes após ordens judiciais para suspender contas na plataforma Rumble, usada pela empresa de Trump . Elon Musk também entrou em conflito com Moraes quando o X (Twitter) foi bloqueado no Brasil. Em todos os casos,  por não cumprirem decisões sobre desinformação eleitoral e/ou falta de representação jurídica no País.

Reações de Lula e do STF, unânime, foram firmes e racionais em defesa da Soberania Nacional. Com efeito.  O governo brasileiro classificou as sanções como “violência arrogante” e “interferência inaceitável” no sistema judiciário. O ministro Flavio Dino expressou solidariedade a Moraes, afirmando que ele apenas cumpria a Constituição brasileira . Lula enfatizou que o Brasil “não aceitará interferência estrangeira em nosso sistema de Justiça”. “O Brasil só tem um dono: o povo brasileiro!”  Na verde, a crítica à irresponsabilidade de Trump foi suprapartidária. Até lideranças conservadores e liberais protestaram contra a decisão de Trump, mesmo sob risco de expulsão do partido dos Bolsonaro.

Politicamente, houve agregação no sentimento nacionalista dos brasileiros. Lula beneficiou-se com o erro dos estrategistas radicais...

 Na esfera judicial, parece consensual a visão de que  as sanções podem ter efeito contrário ao desejado por Trump, fortalecendo a posição do STF. O professor Ivar Hartmann (Insper) prevê que o tribunal pode demonstrar maior firmeza para provar que “não nos curvaremos a eles”.

 Mas, o que importa aqui é análise Jurídica. Desde logo, a aplicação da Lei Magnitsky foi um erro de cognição fática. Especialistas em direitos humanos –   nos EUA, na Europa e aqui – expressaram perplexidade com o uso da lei para proteger um aliado ideológico de Trump. É completamente distorcida a “visão” que equipara um julgamento dentro do devido processo legal (pressuposto do justo), a “tortura ou genocídio” – o que Netanyahu faz em Gaza, reproduzindo Hitler, com as armas de Trump.

As relações entre Soberanias, dentro da Ordem Mundial Multilateral, são regidas pelo princípio da não intervenção. 

Os juízes brasileiros, submissos à ordem jurídica Ocidental (Direito da Família germano-romana), embora decidam aplicando a lei segundo a própria consciência (não aceitação da interferência de terceiros – como quiz fazer Aldo Rebelo), só podem decidir em conformidade com a lei do próprio País. E a nenhuma autoridade de outro País se reconhece ter poderes legítimos para impor as normas de seu ordenamento jurídico a sujeitos de países soberanos.

Decorre daí que: a sanção a um magistrado em exercício legal viola claramente o Artigo 2(7) da Carta da ONU sobre não intervenção em assuntos internos.

Trump enveredou pelo absurdo! É a primeira vez que essa lei é usada contra um membro do Supremo Tribunal de uma grande democracia!  Nem ignorância e nem mal assessoramento.  Isto tem a ver com abuso de poder. Diz sobre arrogância e sentimento de supremacismo, racial ou nacionalista!

Então, é preciso ficar atento e reagir com cuidado. Grandes riscos na precipitação de Trump. Primeiro, o da judicialização da política externa.  Essa medida abre precedente perigoso para que disputas judiciais domésticas se tornem objeto de sanções internacionais, potencializando conflitos entre nações democraticamente eleitas. Esse caos só interessa a quem estiver disposto a colocar o uso da força, da violência, da guerra, a serviço da dominação e da exploração das riquezas alheias...  Um império em decadência pode facilmente escorregar nesse precipício!

O risco, então, é este:  está fácil de se criar uma tempestade perfeita de conflitos! A decisão de Trump representa uma convergência explosiva de fatores: ¹geopolíticos (enfraquecer os BRICS e a liderança regional de Lula); ² pessoais (interesse próprio – Trump Media – e de empresários financiadores – Elon Musk), e de aliado ideológico (Bolsonaro); ³jurídico-estratégicos (inaugurar a interpretação expansivo analógica da Lei Magnitsky), gerando novas fórmulas de interferência imperialista e colonialista.

Os entreguistas do complexo de vira-latas, se borrando de medo, gritam apressados e impacientes: “ajoelha”, “entrega logo”, “submissão incondicional”, “vão jogar uma bomba atômica!”.  

Porém, nenhum País está sozinho nesta difícil travessia da história. Firmeza, humildade e bom senso são os bons conselheiros desta hora. Enquanto o governo brasileiro manter uma postura de firmeza, a crise testará a resiliência das instituições democráticas de ambos os países.

A médio prazo, o episódio pode acelerar a desdolarização do comércio brasileiro e aprofundar os laços com outros membros do BRICS, em um movimento contrário aos objetivos declarados da política externa imperialista. 

No limite, já ultrapassamos uma larga escala de riscos ameaçados pelo Tarifaço. A lista das tarifas altas está exibindo claras brechas por onde o diálogo mutuamente respeitoso poderá abrir canais promissores ao fluir dos negócios vantajosos para os dois lados. E sem precisar cerrar janelas e portas que nos conectam à grandeza do mundo!

Ops, ia esquecendo. Alexandre de Moraes não possui bens, valores e quaisquer outros interesses mundanos que possam sofrer dano ou incômodo pelos efeitos da controversa e equivocada aplicação da Lei Magnitsky.

 

 

 


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