Nada é mais moderno do que lembrar

 


por José Berlange Andrade

No turbilhão do agora, onde tudo se dissolve em pixels e efemeridade, há um ato profundamente revolucionário: lembrar. Não como nostalgia passiva, nem como fuga para tempos dourados de ilusão, mas como resistência lúcida. Lembrar é desafiar o tempo que nos empurra para frente com a urgência do novo, do complexo, do esquecível.

Em uma era que venera o instantâneo, lembrar é um gesto de coragem. É mergulhar nas águas fundas da memória e trazer à tona não apenas rostos, cheiros e vozes, mas também promessas feitas, caminhos abandonados, sonhos que ousaram existir. É consideração que o futuro não nasce do nada — ele brota das raízes do que já foi vívido, amado, perdido.

Lembrar é tecer fios entre o passado e o presente, é humanizar a máquina do progresso com o calor de histórias que insistem em permanecer. Nada mais atual, portanto, do que esse retorno silencioso ao que nos constitui. Pois no fundo, ser moderno não é correr atrás do novo, mas saber onde se está — e isso só se constrói com memória.

Assim, quem lembra, resiste. Quem lembra, cria. Quem lembra, afinal, é verdadeiramente contemporâneo: a existência do ser no estar!


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