Equilíbrio fiscal num estado de desigualdade social é ponte para o medieval


Em 2014 publiquei um post e um comentário sobre o problema de desvio de foco da operação lava jato que “atirava mirando num alvo pequeno” e acertava outro maior, abrindo enorme buraco, desalojando “políticos e empresários da elite” que ali estavam escondidos, enquanto apoiavam a “garotada liberal” que estava na rua gritando “fora PT”.

A crise que o País experimenta neste momento é desdobramento daquele mesmo embate, que começou oficialmente com o Consenso de Washington.  De um lado, os sonhadores que professam fé na globalização. Acreditam que somente mercados são eficientes, que os estados são desnecessários, que os pobres e os ricos não têm interesses conflitantes, que as coisas se tornam melhores quando deixadas sozinhas. Defendem a privatização e a desregulamentação e acreditam que os mercados de capitais, investindo em ambiente livre, promovem o desenvolvimento econômico.

Com uma visão distorcida da realidade brasileira, Michel Temer pretende continuar no controle do Governo para subordiná-lo à elite que controla o Sistema Financeiro Internacional: o dever do governante é, apenas, buscar o equilíbrio orçamentário, combater a inflação e garantir o pagamento dos juros relacionados com a dívida pública. 

Como comprova JK Galbraith, em todos os países em que esta fé foi pregada e levada a sério, o resultado foi doloroso para a maioria: pobreza e fome! Miséria social!  

A verdade da economia é esta: as pessoas precisam comer todos os dias!

A primeira missão do governo é garantir alimento às famílias pobres, principalmente às crianças porque precisam desenvolver suas potencialidades para integrar-se harmoniosamente à complexa sociedade de consumo.
Este foi o princípio que orientou, do primeiro ao último dia, o governo que iniciou em 2003 e desenvolveu a economia do Brasil até 2013, quando forças imperialistas decidiram introduzir no País um ambiente de instabilidade política, econômica e social, plantando o divisionismo.

Desde cedo, atuando como auxiliar da jurisdição e, simultaneamente, na direção coletiva de sindicato que se relacionava, tipo grupo de pressão, com instâncias decisórias dos núcleos políticos do Estado, descobri que havia uma relevante distinção para a eficácia do diálogo comunicativo com os atores da jurisdição e da política.  Os juízes de carreira, em regra, concentram atenção na fala do comunicador para descobrir o que elas querem, realmente, revelar e exprimir. Os políticos de carreira, em geral, quando falam ou quando escutam, ligam a antena para tentar descobrir o que as palavras e os gestos estão dissimulando ou escondendo. 

Daí, provavelmente, os equívocos que continuam afetando as escolhas e os procederes da lava jato. 

A maioria das acusações que se fazia às lideranças do PT, pregando nos seus nomes carimbos de corrupção, era “troco” ou “imitação” relacionada com as denúncias que o PT fazia aos governantes quando estava na oposição. Uma técnica política de “queimar o filme do outro”.

Pois bem. Parece que cada uma dessas "denúncias" é que compôs, inicialmente, o conjunto do repertório de indícios que a lava jato foi tirando da caixa de pandora, a cada nova fase da operação.  E, quando da caixa saia o nome de uma nova operação, transitava-se pelas velhas denúncias midiáticas, produzias pelo discurso de políticos.  Com as delações premiadas, vieram informações calcadas na realidade histórica - mas que foram sendo selecionadas para preservação da narrativa inicial. Por isto, o  objetivo inicial de "prender" o Lula e acabar com o PT permaneceu inalterado.

Porém, na medida em que se avança, em cada novo buraco só se encontrava provas contra adversários políticos e contra empresários corruptos que financiam as respectivas carreiras dos oposicionistas. Fracassada a busca de provas materiais conectadas ao nome de Lula e de seu partido, escalou-se para a família de Lula; depois, foram alcançados empresários e políticos, que os boatos ligavam a crimes que teriam favorecido a amigos de Lula.  Ultimamente, estão cercando as empresas que "cresceram muito" (geraram empregos) na era Lula (2003-2014).  

O sistema jurisdicional leva a sério a fofoca política plantada pela Mídia e pelas redes sociais da Internet.

No último movimento, tiraram da caixa de Pandora o BNDEs.  Sobrou para Aécio Neves e para Michel Temer.

A verdade e a pós verdade já retomaram seus postos na grande Mídia (por enquanto dividida) e as redes sociais já estão em guerra. A tarefa neoliberal ficou mais complexa: manter acessa a "crença coxinha" na prisão de Lula, mesmo que as portas já estejam abertas para aquele que “será o primeiro a ser comido”, o irresponsável que inaugurou o caminho que nos levará ao caos; realizar eleições indiretas e prosseguir no processo de "deforma trabalhista"; cassar direitos políticos de Lula ou adiar as eleições de 2018, etc. etc.  Gravemente atingido, Temer aposta numa devassa no BNDEs, como forma de atingir, também, Lula e Dilma e, por aí, influir no resultado da eleição de 2018. 

Por outro lado, o neoliberalismo, que está levando o Brasil para o buraco, pretende responsabilizar a política de desenvolvimento - que gerou emprego, renda no bolso do assalariado e pão na mesa do pobre -, pelo caos que envolve a política, a economia e a vida social do brasileiro no aniversário de um ano deste desgoverno.  Para tanto, está mobilizando seus oficiais em todas as instâncias da guerra. 

Por aqui, continuamos firmes, acreditando que o Estado e seu sistema financeiro nacional têm um papel importante a cumprir na fomentação do desenvolvimento dos mercados, da produção, do consumo e do emprego. Defendemos que é melhor, para o pão de cada dia, que o Governo deva estar sob controle daqueles que já comprovaram que o Estado precisa de músculos para apoiar o empreendedorismo, sem deixar de proteger o trabalho e de amparar aos pobres.

Já erraram demais os nossos neoliberais.  Os políticos perderam a legitimidade. O Congresso está desmoralizado. 

A questão, agora, diz respeito ao povo. O que a Sociedade Civil organizada deve fazer?

#TodosNaRua! #DiretasJá!

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