os mitos, a realidade e a estrutura de ponta-cabeça: de Lula, Collor e Bolsonaro


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Esta eleição é plebiscitária, progressistas x conservadores; esquerda x direita; democratas x fascistas. Esta é a verdadeira polarização:  dois polos com diferentes visões de mundo e dos seres humanos, um projeto apostando no avanço da Civilização e outro tentando frear a roda da história, arriscando um retorno à Barbárie.

Lula e o petismo representam as forças progressistas e libertárias; Bolsonaro e o antipetismo, as forças conservadoras e reacionárias.
O PT é organizado como um “partido de massas” (grande número de filiados entre pequenos empresários, agricultores e trabalhadores assalariados, participando democraticamente das decisões estratégicas e, às vezes, das táticas e, quase sempre, das operacionais – militância permanente nos movimentos sociais). Nenhum partido de direita organiza-se por este modelo. 

Organizam-se como “partido de quadros” (forma uma direção cooptando a elite econômica e política, lideranças empresariais, lideranças individuais, celebridades do rádio e TV). O partido tem características formais (cartorial), com atividades voltadas mais para a seleção dos candidatos às eleições periódicas, tarefa atribuída a um pequeno colegiado formado por pessoas escolhidas a dedo por um cacique que age como dono da sigla, poder que depende da fidelidade canina de dito colegiado.

Essa distinção está simplificada para que a gente possa fazer reflexão sobre a análise que uma amiga fez, comparando Lula a Collor e os distinguindo de Bolsonaro.

Lula nunca foi chamado de mito, nem pelos petistas, nem pela mídia. Partido de massa não lida com a ideia de mito, mas com a realidade: o cara ali é dirigente partidário, liderança de segmento interno do partido, ou liderança popular. Lula é respeitado e tratado como dirigente, liderança partidária, popular e estadista.

Essas qualificações de Lula não foram atribuídas a ele artificialmente por meio de propaganda ou campanha de marketing alavancada pela Mídia. Lula nunca foi uma promessa anunciada e vendida como salvação da Pátria. Muito pelo contrário. Permanentemente 'queimado' pela imprensa, todo seu prestígio foi conquistado por esforço empreendido na luta das ruas em defesa dos interesses das maiorias assalariadas e das minorias excluídas. Portanto,  a despeito da crítica (quase sempre injusta, mentirosa) que recebia da grande mídia.

Se mito remete a ideia simbólico-imagética de um herói salvador que é apresentado ao senso comum como “aquele que vai consertar o Brasil ou o mundo”, então, Mito é símbolo que pode referir a Collor e a Bolsonaro. A prática, a obra ou o resultado mensurável da eficácia da luta ou do trabalho destes dois personagens não tem qualquer relação de correspondência com a imagem que as mídias construíram sobre seus nomes mediante propaganda massiva.

Bolsonaro não é líder de ninguém e nem reúne condições potenciais de vir a ser, se tomarmos o verdadeiro critério meritocrático individualista: conhecimento dos assuntos e competência para resolver os problemas.  Collor, até reunia algumas qualidades, mas eram anuladas pelo provincianismo e pela arrogância.

A liderança e o caráter de estadista de Lula decorrem do seu potencial cognitivo (teórico e prático) e de sua experiência pragmática.  Num partido de massas (ou de quadros qualitativos), a liderança não é um fenômeno pessoal de sentido individualista, embora nas organizações de direita essa crença seja alimentada, equivocadamente.  A liderança é coletiva: uma estrutura piramidal.

A atividade do líder é o exercício da liberdade limitada e equilibrada pela estrutura que lhe dá sustentação, desde a base passando pelos segmentos da pirâmide acima.

Por isto parece ser tão fácil substituir Lula por Haddad na esfera interna da candidatura. A base da pirâmide poderá não sofre solução de continuidade nos processos conscientização (definidos e estabilizados pelo conhecimento do programa ou das teses congressuais) e nem na ação da militância, cujo esforço terá de ser maior para levar essa ideia de continuidade dos compromissos com a clientela que só enxerga o topo da estrutura, por ter uma vivência mais distanciada e menos consciente da complexidade da política.

É a ignorância de segmentos da elite do Estado e dos Mercados sobre “o que esta coisa é” e de “como ela funciona” que tem causado todos os equívocos, todos os desastres e todas as injustiças que estão destruindo a democracia, os direitos humanos e o estado de direito – levando a sociedade brasileira ao máximo de medo e de insegurança que testemunhamos hoje nas atitudes de intolerância e de ódio que nos aproxima perigosamente do fascismo.



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