O centro está órfão mas a paternidade quer ser logo assumida



Demorou para se perceber que a robustez da polarização entre os petistas e os bolsonaristas havia alcançado, no decorrer dos últimos 4 anos, um estado de rigidez indestrutível. Pelo menos, à ofensiva das manobras de aliança e do comportamento tradicional das candidaturas, durante o curto tempo e com o uso de métodos de competição organizados pela propaganda eleitoral, esta estruturada numa plataforma dialógica voltada para a ação persuasiva de candidatos escolhidos e coordenados pelos velhos partidos políticos.
Constatou-se que os veículos de comunicação e suas tecnologias de manipulação não mais reuniam força, nem mobilizadora, nem influenciadora, somente quando as fontes noticiosas do Rádio, TV e Imprensa (conjuntamente com os institutos de pesquisa de opinião pública), falharam no intento de criar uma terceira “onda” – o centrão do Alckmin. A tática utilizada foi a tentativa de pregar rótulo de radical nas candidaturas dos blocos polarizados.

Uma cena de facada vitimando o candidato do sistema e a robotização massiva de mensagens disparadas para os celulares foram as principais causas definidoras do destino das candidaturas e do resultado das eleições de 2018, tanto para a composição do Congresso Nacional como para a ocupação da cadeira de Presidente da República.
Derrotado e inconformado, Ciro afastou-se do teatro da guerra para observar, refletir e interpretar o que estava acontecendo. A julgar pelo distanciamento que manteve no instante decisivo do embate entre democratas e fascistas, Ciro foi e voltou sem entender muita coisa do que está acontecendo na esfera ampla da estratégia da luta de classes.
Talvez a genialidade de Ciro tenha sido tragada pela força emotiva da frustração e da mágoa. Chegou ao Brasil decido a executar o plano que fracassou durante a campanha eleitoral: criar a terceira via alternativa ao petismo e ao anticomunismo da direita radical: o cirismo?

O comportamento pós eleitoral de Ciro revela a interferência de uma percepção do que, talvez, tenha atuado como principal fator da cristalização dos dois blocos de 2018: a luta pela presidência na eleição seguinte começa imediatamente após o fechamento das urnas da eleição anterior!
Daí a necessidade formar um bloco de alianças duradouro, de polemizar, de debater e de disputar espaço nas redes sociais da Internet e na mídia, enfrentando primeiro os petistas; depois, e oportunamente, confrontando o bolsonarismo.

Só que a polarização está em escalada, o foco não pode reduzir a leitura e a ação a questões de tática eleitoral. Neste processo social a tarefa pós eleitoral deve ser concentrada na luta de resistência para deter a marcha fascista. Especificamente, no momento, trata-se de impedir a formação das milícias!
Acho que é por ai.

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