DEPOMENTO DE LÉO PINHEIRO – recortes interessantes.

Juiz Moro - Consta do processo que OAS assumiu os empreendimentos imobiliários do Bancoop, o sr participou do procedimento, da negociação?
Léo Pinheiro - Participei (fecha os olhos, indica esforço de memória ou temor de cometer erro de script). No ano de 2009 fui procurado pelo sr João Vaccari que era ou tinha sido presidente do Bancoop e ele colocou que a situação do Bancoop era de quase insolvência e eles não estavam quase conseguindo dar andamento em empreendimentos, alguns estavam paralisados depois de começado e outros não tinham sido iniciados.  
Ele mostrou 6 ou 7 empreendimentos que o Bancoop tinha intenção de pôr em negociação com OAS.  Eu disse a ele que algumas premissas tinham que ser colocadas inicialmenteo que nos interessava naquele momento: a nossa área imobiliária atuava na Bahia, estava começando alguns empreendimentos em Brasília,  e São Paulo era um local em que se tinha o maior interesse. E facilitaria, também para nóso fato de alguns empreendimentos já estarem com a comercialização praticamente feita, então isso ajudava muito.  Naquele momento, também, os terrenos em SP estavam muito supervalorizados em função do boom do mercado imobiliário.
Então ficou combinado, ele me mostrou a situação física e geográfica de cada empreendimento. Quando mostrou os 2 prédios do Guarujá, eu fiz uma ressalva a ele que não nos interessava atuar  [ali] - uma política empresarial nossa na área  imobiliária, inclusive adotada por mim - porque a empresa só atuaria em grandes capitais. Nossos alvos eram: Salvador, Rio, São Paulo, Brasília e Porto Alegre, por causa de um empreendimento grande que estava fazendo lá de um projeto imobiliário. Fora disso, não tínhamos interesse
22:20 Vaccari disse, olha nós temos aqui uma coisa diferente. Existe um empreendimento que pertence à família do presidente Lula.  E, diante do seu relacionamento com o presidente Lulao relacionamento da empresa, eu digo que estamos lhe convidando para participar disso por conta de todo esse relacionamento e do grau de confiança que nos depositamos na sua empresa e na sua pessoa. 
22:48 diante disso eu disse: olha, se tratando de uma coisa desta monta eu vou... de qualquer forma...  eu teria que mandar fazer um estudo de viabilidade de cada empreendimento...  Eu disse a ele, olha, não vejo problemaeu vou passar isso para nossa área imobiliáriaque é uma empresa independente, eles farão um estudo, eu volto a você e a gente vê se é viável, como é viável e com quem podemos negociar.  Essa conversa foi em 2009.


23:20 - Bom, quando essa conversa foi concluída, eu procurei o Paulo Okamoto - que era uma pessoa do estreito relacionamento do presidente e também do meu relacionamento - e disse: Paulo, o João Vaccari  me procurou,  com isso, isso e isso. O que você me recomenda e orienta?

Ele disse, não, nós temos conhecimento disso; e isso tem um significado muito grande. Primeiro, o Bancoop é um sindicato tem muita ligação conosco, do partido; e segundo, porque tem um apartamento do presidente e eu acho que você é uma pessoa indicada para fazer isso, pela confiança que nós temos em vocês.
Eu disse, em tão pode?  - Pode fazer.  - Tá bom.
Voltei ao Vaccari e, com os estudos feitos, ele indicou as duas pessoas 24:14 do Bancoop que teriam autoridade para fazer, membros da diretoria e eu indiquei as pessoas da OAS que podiam negociar, empresarialmente, porque realmente era uma situação muito difícil, né? Empreendimentos que não tinham começado, outros que estavam no meio e problemas de ações do MP.. Tinha um quadro bem complexo. Mas isso tudo acabou ocorrendo bem e foram iniciadas as obras de cada empreendimento e nem todas simultâneas, por causa de uma questão onde uma liberava antes que a outra.
24:49
JM - como isso se desdobrou depois?
LP - Bom. Em 2010, o jornal o Globo trouxe uma reportagem enorme sobre esse empreendimento e dizendo que o tríplex pertencia ao presidente lula.  Eu fiquei preocupado, pela exposição do assunto e tornei a procurar o Paulo Okamoto. Eu estive com o João  Vaccari  e depois procurei o Okamoto dizendo como nós deveríamos proceder, já que o tríplex estava em nosso nome. E a aquisição por parte da família do presidente era de cotas e não tinha havido a adesão para aquele empreendimento e eu já tinha autorização, inclusive, para vender o que estava reservado anteriormente que era um apartamento típico. A informação, a orientação que foi me passada naquela época, foi a de que "toca o assunto do mesmo jeito que você vinha conduzindo. O apartamento não pode ser comercializado, continua em nome da OAS, e depois, a gente ver como vai fazer para fazer a transferência ou o que for." E assim foi feito.  Voltamos a tratar do assunto em 2013, se não me falha a memória.
26:15
JM - Mas antes de entrar em 2013.   Tem uns documentos no processo que, segundo MPF, apontariam a aquisição do apto. pelo ex presidente e pela esposa dele, que diriam respeito ao apt. 141, enquanto que esse tríplex teria um outro, número 164. É a isso que o sr se referiu agora há pouco?
LP - Exatamente. A cota dizia respeito a essa outra unidade que era apt típico.  E nós, para que, quando negociamos com uma cópia todos os empreendimentos, tinham um processo padrão, de que as pessoas que tinham adquirido anteriormente, diretamente da Bancoop, se iam aderir a nossa incorporação ou simplesmente ter o recurso devolvido, corrigido p uma regra q foi estabelecida. Eram criadas comissões em cada empreendimento com os adquirentes e isso era negociado, cada empreendimento com cada adquirente.  No caso desse apto, não foi, não houve assinatura de termo de adesão.
JM - Mas qual a explicação, todos não tinham que fazer a adesão?
LP -  Todos tinham que, ou ficar com uma unidade ou terem os recursos devolvidos por uma regra prefixada. Nesse apto eu fui orientado que eu poderia negocia-lo porque o apto da família seria o tríplex, que não poderia ser negociado.
JM - Quem orientou isso?
LP - o João Vaccari  e.. o Paulo Okamoto (Léo vacila quando acrescenta o nome de Okamoto).
28:44 JM - há informação de que houve pagamento, da ordem de 200 e poucos mil reais, mas isso diria respeito ao 141.. era o mesmo preço, o tríplex?
- Não.  Foi citado o número, mas o detalhe é difícil.. tínhamos 150 empreendimentos na empresa... Mas, por se tratar de um empreendimento que tinha o presidente, é lógico que eu tinha um conhecimento melhor.. Na verdade....
JM - Depois que eles informaram que ficariam com um e não com outro,  foi informado quanto ficaria o preço a ser pago pelo ex presidente?
LP - [coçando o bigode, os lábios].  Respondendo a pergunta que eu acabei não.... O apartamento típico tinha cerca de 80 m2, o apt triplex era 3 vezes essa área.  É claro que a conta não é bem x 3, porque tinha a parte do terraço, que tem área descoberta, mas deve ser umas duas vezes e meia o preço mais ou menos.
29:50
JM = mas nessa época, em 2009, alguém lhe falou assim, não se preocupe, porque o preço vai ser pago pelo ex presidente, na hora...?
LP - Isso não.
JM - E o sr não quis cobrar o preço?
LP - (se agita, move-se para a frente, rapidamente). Naquela época, 2009, foi dito para mim... você... é.... o apartamento tríplex, essa unidade é uma unidade específica... você não faça nenhuma comercialização sobre ela... pertence à família do presidente... a unidade tipo vc pode vender. Eles não vão ficar com essa unidade. Eu dizia, como nós vamos resolver essa questão...?  - Não, vamos iniciar...
Em 2010, eu procurei o Vaccari para conversar com ele como devia fazer... - Não vamos mexer com esse assunto, tem a campanha presidencial, tem... Não mexe nesse assunto agora. Vamos deixar para depois das eleições, a gente ver a forma, eu vejo com o presidente como é que vai ser feito isso.
Depois das eleições, é.. não sei em que período mais ou menos... o ex presidente teve uma doença grave e... eu não me sentia confortável de tocar no assunto com ele. Eu só vim a voltar tratar, posteriormente com João Vaccari e com Paulo Okamoto;
31:10
Sempre tratava primeiro com Vaccari  e depois procurava o Paulo, que era uma forma de... o presidente estava hospitalizado.... Houve depois um tratamento de quimioterapia. E só vim tratar desse assunto com o presidente em 2013. Eu pessoalmente com ele.
31:27
JM - E como é que foi isso, ou melhor, antes de prosseguir eu vou interromper o áudio...
JM - Então, antes de entrar nessa questão de 2013, o MPF diz que esse tríplex, pelos documentos que junta, não havia jamais sido posto a venda pela OAS...
LP - Nunca foi colocado a venda. Em 2009 eu tive orientação para não colocá-lo a venda porque pertenceria a família do presidente.
NOTA: em 2009 não existia triplex na obra do Edifício  Mar Cantábrico da Bancoop. Somente em 2013 foi concluída a inclusão do tríplex no Edifício Solaris da OAS. Época em que Lula e a Família foram convidados a ir conhecer a obra que Léo Pinheiro mandara fazer para atrair o interesse de D. Marisa Letícia de permanecer no condomínio.
....
JM - E como é q foi isso, ou melhor, antes de prosseguir eu vou interromper o áudio...
Então, dando continuidade ao depoimento do sr José Leomário Pinheiro filho, ainda perguntas do juízo. Antes de entrar nessa questão de 2013, o MPf diz que esse apto tríplex, pelos documentos que junta, não havia jamais sido posto à venda pela OAS...
LP - Nunca foi colocado a venda. Em 2009 eu tive orientação para não colocá-lo a venda porque pertenceria a família do presidente!
Eu dizia... Em 2013 eu procurei o João Vaccari e disse a ele, oh João , nos estamos com alguns problemas; a diretoria da OAS empreendimentos me posicionou que alguns empreendimentos estavam tendo problemas de passivos que nós não conhecíamos na época da negociação.  E também tem o problema do tríplex. Como vamos resolver isso? Problema de titularidade, problema de diferença de preço, temos que resolver essas questões.
O Vaccari me orientou o seguinte. Quanto o problema do tríplex, aconselho você procurar o presidente, ele já está atuando no Instituto, você pede um encontro com ele para saber dele exatamente o que deveria ser feito.  Quanto aos demais empreendimentos, me apresenta um estudo completo deles, dizendo o que houve, e tal, para a gente dá uma olhada. - Tudo bem.
33:21
Eu procurei o presidente, acredito que novembro ou dezembro de 2013, expus a ele  o... o.. estágio que estava já o prédio lá do Guarujá, que era um estágio muito avançado, e queria saber dele como que nós deveríamos proceder. Se havia alguma pretensão da família para fazer alguma modificação... De como proceder a questão da titularidade.
O presidente disse, Olhe eu vou ver com a família e lhe retorno. O encontro foi no instituto lula. Em janeiro... é.. de 2014 (pausadamente), o presidente me chamou no instituto. Eu estive com ele,  ele disse 'olha eu gostaria de ir com minha esposa visitar o apto. Vc pode designar alguém. Eu disse, absolutamente, presidente, eu vou pessoalmente.  E marcamos uma ida.. foi ele, a esposa... marcamos na via Anchieta, ele deu o n. de um portão de uma fábrica para eu ficar ali, que ele sairia de casa e passaria e seguiria no carro dele ou no nosso carro.. E assim foi feito. nos encontramos e fomos para o Guarujá, entramos pela garagem e fomos ao apto. Foi uma visita de aprox. 2 horas, acredito, 1 e meia 2 horas.
JM - Quem estava nesta visita.
LP - Estava o presidente, da Marisa; eu, o recém presidente da OAS empreendimento Fabio Yonamami, o dir. regional OAS empreendimentos, Roberto, tinha um gerente da área imobiliária, Igor, e tinha uma outra pessoa que não me lembro do nome. Estava presente também.  O presidente quis conhecer o primo andar, a esposa fez um comentário, olha vai ser necessário mais um quarto aqui no 1 andar por uma questão de logística familiar, precisaria de mais 1 qto. Tinha também uma questão da cozinha,  que tinha fazer modificação melhor aproveitamento do espaço.  Lembro que tinha uma escada e o presidente estava vindo de um tratamento médico e eu fiquei preocupado com isso também, ele disse, tem problema não, eu posso subir, nos subimos.. E acabamos resolvendo fazer uma escada e, depois, outra e acabamos colocando um elevador.  No andar intermediário, tinha algumas mudanças pontuais, indicadas pela esposa do presidente.
.....
46:18
LP - Se o sr me permitisse eu queria fazer... eu pulei um detalhe que acho muito importante, que é o retorno que fiquei de dar para o João Vaccari do encontro de contas que acabei não falando. 
Maio-junho de 2014, com os custos do empreendimento Bancoop já todos aferidos, e com as especificações de tudo que devia ser feito, tanto no sítio quanto no tríplex, eu procurei o Vaccari e disse a ele, olha eu estou com os elementos todos em mãos e queria discutir. Ele marcou. Me disse, - olha, o clima entre a sua empresa e a Bancoop não está bom. Vou sugerir a gente fazer um jantar, eu vou chama a diretoria do Bancoop e você chama o seu pessoal e vamos sentar antes. Então eu marquei no mesmo local, o restaurante onde marquei esse encontro, e eu levei esses créditos e esses débitos. 
Levei para ele que a empreiteira OAS estava devendo, por conta desses pagamentos de vantagens indevidas, ao PT, naquele momento, e que estava atrasado e que ainda iria acontecer. Levei os custos dos empreendimentos que nós estávamos fazendo, desses passivos que estou chamando de passivos ocultos e que nós não tínhamos conhecimento; e mais os custos do tríplex e do sítio. O João Vaccari disse, olha está tudo ok. Está dentro dos princípios que nós sempre adotamos, é que de vez enquanto ia ter encontro de contas com ele, tinha isso de “você paga isso ao diretório tal”, “paga isso ao político tal”, e isso era feito e era coisa corriqueira. Então não vamos mudar, vamos continuar com a metodologia. Agora, como tem coisas aqui de cunho pessoal, que trata do presidente, eu vou conversar com ele sobre isso e lhe retorno. Agora, nesse encontro que vamos ter com a diretoria do Bancoop, eu gostaria que você não tratasse desse encontro de contas.  Eu quero que a sua diretoria dê uma tranquilizada na diretoria do Bancoop, que os empreendimentos e os processos iriam prosseguir, que não haveria nenhuma solução de continuidade.  Assim foi feito, houve isso, passaram alguns dias, talvez uma semana no máximo, o Vaccari me retornou, dizendo que estava tudo ok, podíamos adotar o sistema de encontro de contas, de débito e credito, que tínhamos com ele.  Inclusive sobre o tríplex, o sítio e outros empreendimentos.  A soma total disso, me parece que era em torno de 15 milhões de reais.
JM depois disso, como as coisas se desdobraram depois de agosto? O apartamento ficou pronto antes de dezembro?
LP - Ficou pronto.
JM- Mas ele foi entregue a família do ex-presidente?
LP - Eu fui preso em 14 de novembro de 2014. Aí, já não acompanhei mais.
JM - E quando ia ser feita o registro da transferência do imóvel?
LP - Esse assunto nós provocamos muitas vezes, porque tinha questão de averbação, tinha que estabelecer o condomínio com outras pessoas, esses empreendimentos, parece que são cento e poucas unidades.  A orientação que nós tivemos é que permanecesse em nosso nome, que no momento certo ia haver a formula de como isso ia ser feito.
JM - Não chegou a ser discutido com o sr, a forma como isso poderia ser feito?
LP - Nunca foi!
JM - Um esclarecimento. Quando foi feita aquela transferência de imóveis da Bancoop, não finalizados, para a OAS e que foi fixada a data para os associados dizerem, ou desiste ou entra para a OAS, foi em 2009?
LP - Sim, 2009 ou 2010.
JM- E quando ficavam, tinham que fazer pagamentos adicionais?
Em julho ou agosto de 214, não sei se por iniciativa nossa ou da família do presidente, retornamos ao tríplex. Fui no instituto e o presidente disse estamos próximo a campanha eleitoral não fica bem eu comparecer, isso vai ser explorado, eu não vou. meu filho pode ir com dona Marisa e vc mandaria alguém e tal. Me ofereci, fui. Visitamos, tudo ok. Eles aprovaram tudo já estava numa fase bem adiantada a reforma. D. Marisa fez um pedido. Nós gostaríamos de passar festa final do ano aqui apartamento. - Tudo bem, fique certa que, antes disso vai estar tudo pronto. Foi o que ocorreu.
....
JM - E a diferença entre o valor do antigo e o novo tríplex, foi abatido?
LP - Sim, no encontro de contas que tive com Vaccari, valor de uns  750 a 800 mil.
JM - Quem da OAS tratou desse assunto além sr?
LP - Do tríplex, quem tratou foi eu. A empresa OAS empreendimentos só executou o que foi deliberado por mim.
JM - Os outros dirigentes da OAS tinham conhecimento de que esse valor não ia ser pago, mas abatido de um caixa geral reservado para o PT?
LP - Não. Como a OAS imobiliária não tem envolvimento nenhum com órgãos públicos, pois é uma empresa que presta serviços de incorporação, não tinha porque está envolvida nisso. Apenas sabiam os executivos que não seriam prejudicados [com o negócio da Bancoop].
JM -  O sr disse que esse apto não foi formalmente transferido lá atrás, 2010, por qual motivo mesmo?
LP - O Vaccari me pediu que não fizesse; me liberou para a venda da unidade tipo simples que teria sido escolhida antes, e que a unidade que ficaria para a família do presidente ficaria em nosso nome... eu teria uma orientação, em 2010, eu não procurei... Tinha problema de campanha política, por causa da matéria do globo...
JM - O João Vaccari falou isso para o senhor?
LP - O João Vaccari falou isso comigo.... E o Paulo Okamoto; não era para fazer transferência. E assim ficou até o final. Como nos iriamos resolver até novembro, eu não sabia.
55:45
JM - Qual explicação que o sr dava para a diretoria da empresa sobre porque não houve transferência, porque houve a reforma e tudo isso aí?
LP - Ainda existiam em 2014 mais de 20 e pouco unidades que não haviam sido comercializadas. Mas ficava evidente, porque havia a determinação de não comercializar essa unidade. É norma numa incorporadora ela não ficar com as unidades depois de entregues, por isso em essas feiras, porque isso é um transtorno dentro do negócio como um todo...
JM - Mas como o sr explicava isso para os dirigentes?
LP - Eu dizia para ficar tranquilo, porque depois encontraríamos uma forma de passar para o nome de outra pessoa ou para a família dele.
56:49
JM - Eles sabiam que o apartamento seria do presidente?
LP - Sim, sabiam. Em 2013 isso ficou evidente por causa da publicação no jornal Globo.
JM - Mas eles não sabiam da parte que o sr disse, que depois isso seria abatido num acerto com João Vaccari ...
LP não, não sabiam.

DEPOIMENTO DE PAULO OKAMOTO – recortes interessantes.

Segunda parte - Sobre tríplex do Guarujá.
10:39
Resumo da fala inicial de Paulo Okamoto.
Paulo Okamoto: Vou esclarecer uma coisa: primeiro lugar, todos sabem, sou amigo pessoal do pres. Lula e da família dele. Fui sindicalista, sou do PT, tenho uma jornada aí de muitos anos.  Vou colocar aqui, sobre desde quando eu soube, eu tenho notícia desse apartamento que depois virou esse chamado tríplex.
12:00 - Lula doente, final 2011 ou final de 2012, alguém da área comercial da OAS liga e pergunta se Okamoto pode ajudá-lo a ter um encontro com dona Marisa. Okamoto pergunta o assunto. Ele diz que dona Marisa tinha um contrato para aquisição de um apto, mas não tinha assinado o termo de adesão coma OAS, queriam uma orientação. Continuar com o apartamento que ela tinha anteriormente adquirido, se ela não tinha interesse em continuar com o apartamento. Ele explicou: olha esse apartamento dela nem é o melhor do prédio, não tem vista voltada para o mar. Nós queremos saber se ela mantém o interesse em comprar esse apartamento. Ele explicou que se ela não quiser, vão devolver o dinheiro pago, em 36 meses. Se ela quiser, poderá aplicar para comprar outro apto no mesmo prédio ou em outro empreendimento qualquer da OAS. Okamoto disse que iria falar com ela. Ela disse que tinha pago até 2006, 20 prestações, mas o prédio não foi concluído, e que o pessoal toda hora enrolava ela, etc. Ela disse que não ia assinar nada, que ia deixar do jeito que estava. Que ia deixar assim e depois resolveria porque estava de cabeça quente. Realmente, o marido estava enfrentando uma luta contra o câncer. Okamoto insistiu, dizendo que se não assinasse o termo de adesão, teria que liberar o apartamento para eles venderem para outro interessado. Ela disse: então pode liberar. Okamoto passou o informe para a pessoa da OAS empreendimento. Isso foi uma coisa que aconteceu final de 2011/2012.
.....
MP - Então, vamos para 2014....
PO - Antes, teve 2013... em alguns momentos, encontro com o Léo, para contratar nossas palestras, ou em eventos em algum lugar qualquer.  Leo me falou: olha, vc precisa ver com a família do presidente, para ver se eles têm interesse em algum imóvel lá no prédio. O prédio já está em acabamento, se tiver interesse, a hora é agora.  Aí, o Leo marcou uma conversa com o presidente Lula, deve ser final de 2013, deve ser novembro ou dezembro de 2013. Eu não lembro, porque tinha uma palestra... Eles tiveram uma reunião lá no instituto. No final da reunião, o Dr Léo convidou ele para conhecer o empreendimento. Eu presenciando a conversa deles, o Léo estava explicando para o presidente. Que o prédio tinha ficado bonito, uma fachada bonita, um amarelo não sei das quantas. Que tinha um tríplex, com uma vista maravilhosa, para o Guarujá; uma coisa muito bonita, que o presidente precisava conhecer e tudo mais.  O presidente perguntou o que tinha nesse tríplex e ele descreveu que tinha no 1 andar tinha sala, no segundo tinha quartos, lá em cima tinha piscina. E o presidente perguntou, mas como é que eu vou frequentar um apartamento no Guarujá... Ele comentou que há muitos anos não vai a restaurantes, não vai no cinema; há muitos anos não vai no teatro. Passou todo o tempo do governo sem poder frequentar esses lugares, porque quando vai acaba trazendo transtornos para quem está no evento, coisa e tal.  O fato é que o dr Léo convenceu o presidente a ir conhecer o empreendimento. Na oportunidade, eu perguntei ao Leo: quanto está o m2 do apto em Guarujá? Olha, está por volta de 7 a 8 mil reais.  Eu falei, tá caro né? Ele falou: tá caro porque está tendo muuuiiiita procura. Talvez você não saiba, mas vai ter muito investimento no pre-sal e está valorizando muito o local. Que esse imóvel seria muito bom, inclusive para fazer investimento.  Eu falei, Dr Léo, se o presidente tiver que comprar algum imóvel, ele vai ter de pagar preço de mercado.  Ele falou: claro, claro. E foram embora.
Em fevereiro de 2014, alguma coisa assim, ele me falou que foi lá visitar o empreendimento. Perguntei, gostou do apartamento? Ele respondeu, realmente... Ele reclamou que tinha um buraco na sauna... e que tinha um espaço que ninguém usava...  Realmente, não tem como eu usar aquele apartamento... só se eu for na praia na quarta-feira.
Eu fiquei entendendo que aquele apartamento não teria mais interesse. Aí, fui surpreendido depois, pela estória de que foram no apartamento, que o apto tinha sido entregue, que era um tríplex. Foi desse tipo.
19;30
MP - O senhor...
PO  - Sobre esse assunto, eu não lembro. Provavelmente, deve ter entrado em contato comigo, mas não acho que ele deve ter encontrado outra alternativa.
MP - Léo mencionou que o sr tinha conhecimento da reserva desse apartamento, anteriormente, desde 2010 - 2011.
PO  - Então, isso eu acho estranho, como falei aqui, eu fazia o Imposto de Renda do presidente e da dona Marisa; não sou assessor, não sou preposto, mas como amigo, a gente faz imposto de amigos, vizinhos, nora.
O que tinha no IR era o apartamento que ela teria adquirido, não o tríplex.
21:00
MP alguma outra empresa pagou ao ex presidente sem entrar no caixa, algum serviço?
OK - Eu cuido do instituto lula e tudo que recebeu foi formalizado. Em relação as palestras, da mesma forma. Todas as palestras que ele fez no brasil e fora, que foram cobradas, ele recebeu diretamente. É bom lembrar que o presidente Lula faz muitas palestras, mas são gratuitas.
34:20
PG - algumas vez o Léo pinheiro procurou, conversou com o sr sobre reforma do tríplex?
PO  - Nunca, nunca, nunca. O Dr Léo nunca conversou comigo sobre reforma, nunca pediu minha opinião. Nunca conversou comigo sobre tríplex, nunca conversou sobre apartamento. Nunca pediu informação ou orientação, e nem era o caso, porque, é bom lembrar, em 2009 e 2010, eu me encontrava no Sebrae, portanto, totalmente desvinculado do governo; o presidente estava lá no palácio, eu estava em S. Bernardo ele estava em Brasília, eu encontrava com ele eventualmente nos eventos, algumas reuniões de aniversário, particular, eu não tinha nenhuma procuração etc. Ele nunca me falou nada disso.
MP – Joao Vacari chegou a falar sobre reforma do apto?
PO - Da mesma forma, Vacari nunca tratou comigo, nada sobre pagamento, nem tríplex, nem nada. Nunca tratou comigo nada sobre isso.



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