OMISSÃO DA PARTICIPAÇÃO DE VACCARI NO PROCESSO DO TRÍPLEX ESCONDE PRINCIPAL TRAMA DO FATO APURADO NA LAVA JATO



Recortes de um breve debate nas linhas do Facebook.

Jose Berlange Andrade Parabéns, Jose Mouzinho Borges. Sinto satisfação enorme de conhecer tuas posições serenas e sensatas com relação a este caso, como estão expostas nestes comentários. Louvemos ao Senhor por te dotar de espírito tão afinado com a verdade e com a justiça, as duas condições que se juntam para constituir aquilo que a sabedoria e a força da divindade sintetizam num único valor: a honestidade.

Para entender o caso do Tríplex é preciso, no mínimo, ler as peças conclusivas do processo, alegações finais do MPF e da Defesa, a sentença do juiz da Lava Jato, bem como analisar às provas que foram apontadas para o sustento de suas argumentações.

imprensa brasileira não é fonte confiável de informação, pois aliou-se às forças aglutinadas pelos juros, pelo rentismo, pelos grandes lucros, na esfera econômico-financeira, e pelo conservadorismo e reacionarismo na política e na sociedade em geral. Portanto, a grande mídia cumpre papel de partido político. Não tem compromisso com a verdade dos fatos. Daí, por motivo de proselitismo – formar consenso contra o trabalhismo, a social democracia e os esquerdismos usar fragmentos de fatos, ora para fortalecer politicamente seus aliados, ora para enfraquecer e desqualificar os adversários do neoliberalismo e do conservadorismo que os donos da Mídia representam.

Esse desvio de finalidade – prometer uma coisa e entregar outra – é a causa e a fonte de toda manipulação que se tem praticado para deformar a leitura da realidade através da circulação de informações seletivas e desorientadoras. É assim que o homem comum brasileiro vem sendo tratado há muito tempo como bobo, idiota midiático. Que é aquele que se satisfaz com as informações que recebe ‘de graça’ em sua mesa, em seu sofá, na comodidade do mundinho que as oligarquias pagam para que a Mídia construa narrativa de meia-verdade para iluddir o brasileiro crédulo.

No processo, as provas revelam com clara evidência: o sindicato dos bancários de S.Paulo obteve fundos e autorização para a bancoop construir um prédio de apartamentos numa praia do Guarujá. A clientela cooperada foi formada de sindicalistas e militantes de partidos de esquerdas cujo habitat natural são os movimentos sociais e sindicais e de pessoas da classe média assalariada da região do ABC. Em 2005, Marisa Letícia, esposa de Lula, adquiriu uma unidade igual a todos os outros apartamentos do condomínio – passando a pagar as prestações durante a construção. Por volta de 2009, o empreendimento enfrentou dificuldades financeiras e travou

O dirigente sindical João Vaccari foi designado para solucionar o problema. Distante dali, lá pelas bandas da Bahia, a construtora OAS – originária do grupo de Toninho malvadeza – resolveu ampliar os negócios com uma incorporadora imobiliária. Léo Pinheiro – que não era dono da OAS – pretendendo afirmar sua liderança em decadência dentro do grupo, assumiu a tarefa de ingressar com a empresa no mercado de S.Paulo. É a convergência desses dois interesses que faz o caminho de Léo Pinheiro se cruzar com o de João Vaccari no Guarujá. A OAS assumiu o empreendimento da Bancoop pelas mãos de Léo Pinheiro que prometida uma grande conquista de marketing para coroar de brilho a presença da OAS no sudeste do País: ter no seu empreendimento do Guarujá o cliente número um do País, o presidente Lula da Silva. 

É essa jogada de marketing que leva Léo Pinheiro e a OAS a alterar o projeto original do prédio para incluir na cobertura um tríplex para a “Família de Lula”, ou seja, ofertar uma moradia diferenciada e especial para a cooperada Marisa Letícia. Porém, no momento em que Vaccari estava negociando a solução da transferência, os sindicalistas e esquerdistas resolveram abandonar o barco, desistindo da pretensão e recebendo as parcelas que já haviam pago. Dona Marisa também fez a mesma coisa. Pediu para pular fora do barco. É aí que se deu o grande esforço de Léo Pinheiro de levar Lula e a esposa para conhecer o novo tríplex. Lula não gostou e anunciou que trabalharia contra a proposta de Léo, tentando dissuadir a esposa e os filhos de adquirir o tal tríplex. No meio desse compra-não-compra, o Globo publicou a reportagem, a partir de informações conseguidas junto a Léo Pinheiro, da OAS. 

Lula conseguiu seu intento inicial: a Família do Lula, não obstante o violento assédio de Léo Pinheiro, não aceitou o negócio com a OAS e ingressou com ação na Justiça para receber de volta as parcelas pagas à Bancoop para aquisição do apartamento simples, do contrato original. O Tríplex nunca foi da entidade que o delator do processo identifica como “Família do Lula”. O que se declarava no Imposto de Renda da Família do Lula era o contrato de aquisição da cota de um apartamento simples da Bancoop, não o Tríplex que a OAS decidiu inovar para ofertar à Família Lula, como forma de manter Marisa Letícia na lista de moradores do prédio.

O julgamento do dia 24 em POA: tenho a tranquila expectativa de que a turma julgadora preservará o que resta de dignidade na Justiça brasileira: vai anular o processo, sem julgamento do mérito (para não desmoralizar o juiz Sergio Moro, revelando o contorcionismo que cometeu para tornar Lula inelegível), porque o direito processual penal não autoriza reconhecer à jurisdição federal de Curitiba competência para julgar os fatos históricos do caso, cuja trama, de montante a jusante, ocorreu na jurisdição de São Paulo e sem comprovada conexão com os fatos da Lava Jato. 

Se o TRF4 julgar o mérito, a sentença deverá ser reformada para absolver ao demandado: não passa de contorcionismo de inspiração moralista entrelaçada a emocionalismo político.

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Jose Berlange Andrade   Veja só este exemplo de contorcionismo para ocultação da verdade: Vaccari é o principal personagem da trama num protagonismo com Léo Pinheiro, desde os movimentos iniciais do negócio principal que envolveu os núcleos decisórios da Bancoop e da OAS empreendimentos imobiliários. É Vaccari quem usa a marca "Família do Lula" para atrair o interesse e passar o abacaxi para o Léo Pinheiro. Taticamente, não estava lhe entregando um problema, mas uma 'solução': "Lula garoto propaganda. Lula, vizinho mundialmente célebre e festejado. Famoso e poderoso". Vaccari sinalizava que estava em contato permanente com Lula e com a Família do Lula. - mas nunca atendia ao pedido de Léo Pinheiro de promover um encontro com essas duas entidades. E foi assim, até o dia em que, não pode mais empurrar com a barriga a pretensão de Léo Pinheiro: foi quando Léo buscou o Instituto Lula e conversou com Paulo Okamoto. Decepcionado de ver que tudo ali estava na estaca zero, forçou, desesperado, a famosa visita do Lula ao Tríplex.

Pois bem, João Vaccari - preso e totalmente a disposição do MPF e do Juiz - sequer foi ouvido no processo com objetivo de esclarecer o desenvolvimento dessa trama. Se toda narrativa de Leo Pinheiro se dá numa relação com João Vaccari, necessário, para o equilíbrio da busca da verdade, colher a versão do sindicalista que prometia abrir as portas da casa da família de Lula para que o corretor de imóvel fizesse a sua oferta ao potencial comprador...

Em 2016, membros do MP-SP foram a Curitiba para ouvir João Vaccari numa tentativa de esclarecimento das circunstâncias que envolveram as negociações entre a Bancoop e a OAS empreendimento imobiliários (nada a ver com a OAS empreiteira que licitava com a Petrobrás, outro núcleo autônomo de decisões contratuais). Queriam saber o sentido da expressão que o Globo usara: "Tríplex do Edifício Solaris reservado para a família do Lula", quem fez a reserva e como esta teria sido feita? Vaccari, com orientação de seu advogado, permaneceu calado durante toda a audiência com os promotores paulistas. Direito seu, na posição de réu no processo de S.Paulo, no qual foi absolvido depois. Naquele processo está evidenciado: a esperteza do sindicalista João Vaccari passou a perna na ambição do empresário Leo Pinheiro, levando-o a percorrer longos caminhos, tortuosos e escuros, até chegar numa clareira. Ali, num vazio profundo e silencioso,  não encontrou o príncipe encantado prometido na fábula do abacaxi descascado (empreendimento da bancoop).

Mas, na Lava Jato de Curitiba, Vaccari deveria ter sido ouvido como testemunha, podendo prestar juramento ou não (posição de mero informante). Ali poderia prestar esclarecimentos que, certamente, enfraqueceriam a credibilidade da delação de Léo Pinheiro contra Lula e, também, desqualificaria a reportagem de O Globo - que são os dois elementos indiciários frágeis que foram tomados como prova na argumentação para a condenação que pretende transformar o príncipe em sapo... 
Definitivamente? Ou até quando a máscara ficará escondida por detrás das cortinas deste palco onde se encena mentiras e perversidades?




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